segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Palavras assolapadas #1

Mistério
A primeira vez que olhaste para mim foi estranho. Eras apenas um desconhecido que me parecia fixar com interesse e mesmo quando fiz questão de veres que te estava a ver, continuaste como se eu não te estivesse ver. Esquisito? Não. Muito mais que isso. Deixaste-me a pensar que talvez tivesse eu também ficado numa espécie de feitiço inquebrável. No entanto, o feitiço acabou por cessar e passaste a ver-me com algum receio e como se eu fosse de vidro. Eu não sou. Sou de ferro. Ficas nervoso quando, raramente, me diriges a palavra. Agora, desvias sempre o olhar quando eu te olho. Sentas-te ao fundo da sala. Tentas falar mas não te sai nada de jeito. O que tens? És muito mais que um rapaz envergonhado. Sempre te vi como alguém forte, capaz de derrubar alguém, mas por que o nervosismo te consome? Por que razão olho para ti e gosto, identifico-te com outras pessoas mas acabo por nunca confiar em ti? Por que razão acabo por te ver como se fosses uma péssima pessoa? Quando, na verdade, até podes das pessoas mais fiéis e queridas? Talvez sejas o mistério que nunca vou descobrir. 

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